Ofensa a Porto Rico é chacoalhão para latinos acordarem, dizem apoiadores de Kamala
[[{“value”:”
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Latinos democratas esperam que o apoio que Donald Trump conquistou de parte da comunidade evapore após os comentários racistas no comício do ex-presidente no domingo (27) em Nova York.
No comício de Kamala Harris em Washington nesta terça-feira (29), eles afirmam o desejo de que a candidata consiga convencer esses eleitores ofendidos de que ela é a melhor opção para a Casa Branca.
O discurso acontece no mesmo lugar em que Trump incitou seus apoiadores a atacarem o Capitólio em 2021. A ideia dos democratas é usar o comício para fazer um apelo final, usando o argumento de que Kamala seria uma forma de virar a página da polarização e do caos dos últimos anos.
Usando uma camiseta de Porto Rico, Victor Pagan, 20, disse que a ofensa à ilha onde nasceu -chamada de lixo flutuante por um humorista no evento de Trump– foi uma bomba. “Eu estou 100% confiante de que ela vai ganhar”, disse ele, o único eleitor com quem a Folha conversou que se disse seguro com o resultado na próxima terça.
Para ele, os comentários mostram como Trump é divisivo, e a retórica agressiva sobre mulheres e latinos pode afastar até republicanos. “O que está em jogo para mim nesta eleição é democracia, aborto, imigração”, disse.
Melanie Martinez, 20, é filha de imigrantes do Equador. Para ela, o apoio a Trump entre latinos resulta de uma ignorância. “Eles acham que quando viram cidadãos americanos, essas políticas do Trump não afetam mais eles”, diz.
Outro fator em sua visão são valores cristãos e tradicionais que marcam o grupo. “Mas Trump é um criminoso condenado e um abusador de mulheres”, afirma. Para ela, a polêmica em torno de Porto Rico vai fazer as pessoas acordarem para quem o republicano realmente é.
Melanie foi ao comício da Kamala acompanhada de um amigo, Jason Melendez, 20. Ele lembra que houve piadas racistas também com negros no comício. “Isso acontecer no comício dele é um chacoalhão para todo mundo que pensa em votar nele”, diz. “Não tem como negar que ele vem promovendo esse tipo de ódio e nacionalismo de extrema direita.”
AshaLee Peterkin, 22, é filha de imigrantes jamaicanos. Para ela, a Presidência de Trump funcionou como uma espécie de autorização para muitas pessoas falarem em voz alta seus preconceitos. “Ele é transparente sobre isso, e sua campanha reflete isso. Mentiras e desinformação se espalham mais rápido do que fatos. Espero que o comício de hoje mude isso.”
Sinal da maior dificuldade de Kamala, mesmo os apoiadores que vieram ao comício nesta terça têm dificuldade de apontar ideias específicas da candidata que os atraem e no que ela seria diferente do presidente Joe Biden.
“Ela vai trabalhar pelos trabalhadores e fortalecer a democracia”, diz Paula Kaye, 72, de Oregon, após hesitar um pouco. “Acho que Kamala é esperta. Quando vejo o oposto em que as pessoas estão votando, não consigo entender. Ele é um racista, um assediador”, afirma.
Heather, 54, também dá uma resposta abrangente quando questionada sobre o que a atrai em Kamala. “Ela vai cuidar das pessoas, construir uma boa economia para todos.”
De origem indiana como Kamala, Nalina Suresh, 60, demora um pouco para explicar em que a democrata será diferente de Biden. “Ele teve uma carreira muito longa na política, agora é hora de uma mulher no comando”, resume.
Democratas esperavam lotar a elipse, área ao sul da Casa Branca, com dezenas de milhares de pessoas, em uma demonstração de força nessa reta final. Organizadores distribuem pulseirinhas que piscam e até algodão-doce para o público. Enquanto as pessoas chegavam ao local, uma DJ tocava –uma playlist muito mais pop e atual que a de Trump, embora YMCA também tenha tocado.
A estratégia é um esforço de tentar recuperar a empolgação do início da campanha, quando democratas apostaram num clima mais jovem e positivo, em contraste com os tempos em que Biden era o cabeça de chapa.
“}]]