Trump diz que Irã deve desistir de arma nuclear ou terá ‘resposta severa’
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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (14) que o Irã deve “abandonar” qualquer tentativa de obter uma arma nuclear sob a ameaça de enfrentar “consequências severas”.
Trump disse que, caso o Irã persista no “sonho” de ter sua própria arma nuclear, os EUA poderão fazer um ataque militar às instalações nucleares de Teerã. “É claro que sim”, disse o republicano aos jornalistas quando perguntado se uma possível resposta poderia incluir ataques às instalações nucleares iranianas.
Declarações de Trump acontecem após o Irã alegar no sábado que teve uma conversa “produtiva” com os EUA para um possível acordo nuclear. Na ocasião, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, disse que os dois países teriam concordado em dar continuidade às negociações no dia 19 de abril. A Casa Branca considerou a reunião como um “passo à frente para se chegar a um resultado benéfico para ambos”, e que “esses temas são muito complicados”.
“Acredito que estamos muito próximos de uma base de negociação. Se conseguirmos concluir essa etapa durante a semana, teremos avançado significativamente e estaremos prontos para iniciar discussões reais”, disse Abbas Araqchi em entrevista à TV estatal iraniana.
O chanceler afirmou que a primeira fase das negociações ocorreu em uma “atmosfera produtiva, calma e positiva”. Os EUA querem um acordo de curto prazo, mas o Irã diz não ter intenção de”discutir por discutir” e almeja o fim das sanções norte-americanas.
A reunião ocorreu de forma indireta e foi mediada por Omã, como propuseram os iranianos. As delegações estavam em salas separadas e transmitiram suas mensagens através do chanceler de Omã, segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei.
Araqchi informou que sua delegação conversou brevemente com Steve Witkoff, enviado de Donald Trump para o Oriente Médio. “Após mais de duas horas e meia de discussões indiretas, os representantes do Irã e dos EUA falaram por alguns minutos na presença do Ministro das Relações Exteriores de Omã, antes de deixarem as discussões”, declarou.
DESCONFIANÇA EM TEERÃ
Teerã aborda as negociações com cautela e há ceticismo sobre a possibilidade de se chegar a um acordo. Donald Trump ameaçou várias vezes bombardear o Irã se o país não colocasse um fim em seu programa nuclear.
O progresso nas discussões pode reduzir a tensão na região. A área tem enfrentado conflitos nos últimos dois anos entre Israel e aliados regionais do Irã, como o Hamas palestino, o Hezbollah libanês e os Houthis no Iêmen.
O fracasso, por outro lado, aumentaria os receios de um conflito maior. Israel e os Estados Unidos prometem impedir o Irã de adquirir armas nucleares, o que Teerã nega.
MÍSSEIS IRANIANOS ESTÃO FORA DAS DISCUSSÕES
Chefe de diplomacia tem “plenos poderes” para liderar as negociações. Essa foi a definição do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, que tem a última palavra em relação à questão nuclear, segundo uma autoridade iraniana à Reuters. “A duração das discussões, que se concentrarão apenas no nuclear, dependerá da seriedade e da boa vontade do lado americano”, afirmou.
O Irã descartou colocar seu programa de defesa, em particular o programa de mísseis balísticos, na mesa de negociações. As últimas negociações diretas oficialmente conhecidas entre os dois países ocorreram quando Barack Obama era o presidente dos EUA. Ele supervisionou as negociações que levaram ao acordo de 2015 sobre o programa nuclear iraniano.
Esse pacto foi revogado por Donald Trump em 2018, durante seu mandato presidencial, com a restauração das sanções econômicas dos EUA contra o Irã. Teerã, então, se desvinculou do acordo, excedendo os limites de enriquecimento de urânio, mas negando a intenção de adquirir armas nucleares.
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