Sem máscaras, sem restrições, com eventos grandes: Dinamarca retorna à vida ‘normal’ após controlar Covid
País tem três quartos da população vacinada e libera aglomerações, baladas e praticamente tudo como era antes da pandemia. Jogadores e torcida comemoram gol da Dinamarca em estádio de Copenhague nesta terça (7) em jogo contra Israel pelas eliminatórias para a Copa do Mundo 2022
Mads Claus Rasmussen / Ritzau Scanpix / AFP
Nas ruas já não há vestígios de máscaras ou passes sanitários, os escritórios voltaram a funcionar e os shows reúnem dezenas de milhares de espectadores. A Dinamarca se despede nesta sexta-feira (10) de praticamente todas as restrições anticovid e retorna serenamente à vida de antes.
Nesta “velha-nova” vida é permitido organizar eventos para 50 mil pessoas, sem a necessidade de apresentação certificado de vacinação ou teste negativo de covid, algo bastante inusitado na Europa, com inúmeras restrições ainda em vigor.
“Estamos definitivamente na vanguarda, porque não temos mais restrições”, comentou à agência AFP Ulrik Ørum-Petersen, promotor do show Live Nation, que acontecerá no sábado (11).
No dia 4 de setembro, sua empresa já havia organizado um festival chamado “Retorno à Vida”, que reuniu 15 mil pessoas em Copenhague.
“Estar no meio disso, cantar como antes, quase me fez esquecer a Covid-19 e tudo o que vivi nos últimos meses”, disse na ocasião Emilie Bendix, uma jovem de 26 anos que compareceu ao show.
Graças às altas taxas de vacinação, 73% entre seus 5,8 milhões de habitantes, a Dinamarca suspendeu quase completamente desde 1º de setembro a exigência do passe anticovid estabelecido em março.
Nesta sexta-feira, também será retirada sua obrigatoriedade nas boates, único setor em que ainda vigorava.
“Nosso objetivo é a liberdade de circulação (…), o que vai acontecer é que o vírus também vai circular e encontrar quem não está vacinado”, alertou a epidemiologista Lone Simonsen.
Confiança na estratégia
Mas a Dinamarca pode contar com a confiança estabelecida no país entre as autoridades sanitárias e a população, recentemente destacada pela direção europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Como muitos países, a Dinamarca, durante a pandemia, implantou medidas de saúde pública ou sociais para reduzir a transmissão”, disse Catherine Smallwood, encarregada das situações de emergência da OMS na Europa.
“Mas, ao mesmo tempo, teve amplo apoio de indivíduos e comunidades que aceitaram os conselhos do governo”, destacou.
Agora, com cerca de 500 casos por dia e uma taxa de reprodução do vírus de 0,7, as autoridades dinamarquesas consideram a epidemia sob controle.
O ministro da Saúde, Magnus Heunicke, garantiu no final de agosto que o governo “não hesitará em agir rapidamente se a pandemia voltar a ameaçar as funções essenciais da sociedade”.
Nesse ínterim, as autoridades devem monitorar de perto o número de hospitalizações e sequenciar cuidadosamente as amostras de vírus para monitorar sua evolução.
Além disso, desde quinta-feira, oferecem aos grupos mais vulneráveis uma terceira dose da vacina.
Para Christian Nedergaard, dono de um restaurante na capital, o retorno à vida normal não esconde que “a situação continua complexa”.
“A memória do coronavírus vai desaparecer muito rapidamente em algumas mentes, mas vai permanecer em outras. Para os restaurantes, é claro que esse período mudou as regras, o setor terá que refletir para ser mais resiliente”, disse.
Embora a vida na Dinamarca volte ao normal, para entrar neste país escandinavo ainda será obrigatório apresentar passaporte de saúde ou teste negativo.