BBB: Explosão de Fernanda mostra gatilhos emocionais e sobrecarga materna
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A sister do Big Brother Brasil 24 Fernanda fez um desabafo no reality que causou muita controvérsia na internet. Os comentaristas de plantão das redes sociais logo trouxeram análises sobre ser mãe solo, sobre as consequências da fala violenta, sobre a educação, mas será que essa avaliação levou realmente em conta o contexto todo para ditar o veredicto? A especialista em neurociências e desenvolvimento infantil e biomédica Telma Abrahão explica que essa fala tem muitas camadas a serem expostas.
“A dinâmica entre uma mãe sobrecarregada, com dificuldades de autorregulação e seus filhos pode ser explicada pela compreensão sobre o funcionamento do cérebro humano. É importante olharmos por trás de uma fala como essa, compreender o contexto de vida de um indivíduo, para que possamos compreender os motivos que levam uma pessoa a fazer o que faz.”, explica Telma.
A participante demonstrou em sua fala o que muitas mães enfrentam silenciosamente todos os dias, e que muitas vezes não têm com quem desabafar ou são criticadas e julgadas quando falam. “Cuidar e educar uma criança é um papel que envolve profundamente as partes emocionais do cérebro, e quando os pais não conhecem o comportamento infantil ou repetem padrões de educação vivenciado em suas infâncias, sem repertório emocional para lidar com conflitos, um grande caos pode ser instalado nas famílias, especialmente com mães solos que não possuem apoio em seu dia a dia”
A especialista também ressalta a importância de oferecer suporte aos que enfrentam esgotamento parental, ajudando-os a gerenciar o estresse e promovendo práticas parentais positivas para mitigar possíveis impactos negativos no desenvolvimento infantil.
No cérebro de uma mãe sobrecarregada ocorrem mudanças importantes que podem impedi-la de tomar decisões e agir de forma consciente. “Precisamos colocar luz nesse ponto para que a sociedade preste atenção nessa mulher que precisa de apoio”, alerta a biomédica, que enumera as mudanças fisiológicas maternas.
Aumento do cortisol – “o esgotamento parental é frequentemente marcado por um aumento nos níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Isso pode afetar negativamente o funcionamento do córtex pré-frontal, responsável pela regulação emocional, tomada de decisão e empatia”.
Ativação da amígdala – “o estresse crônico pode levar a uma maior ativação da amígdala, a área do cérebro envolvida na resposta de luta ou fuga. Isso pode resultar em reações mais emocionais e agressivas em relação a estímulos que normalmente seriam considerados gerenciáveis”.
Esgotamento dos recursos – “o esgotamento dos recursos cognitivos e emocionais pode levar a dificuldades em proporcionar respostas emocionais positivas e atenção adequada às necessidades dos filhos, sendo frequentemente percebido pelas crianças como rejeição ou desatenção”.
Ideação suicida – “a sobrecarga materna, quando chega no nível extremo de esgotamento parental, a mãe pode começar a ter ideações suicidas e, nesse estágio é ainda mais importante a rede de apoio, as pessoas em volta darem atenção a esse tipo de fala, aos sinais de que aquela mulher precisa de ajuda. Não podemos suprimir essa dor, guardar, é preciso falar e tratar”.
Esse tipo de situação impacta o cérebro da criança, que está em pleno desenvolvimento, gerando gatilhos e conexões que esse indivíduo pode levar para o resto da vida. “São momentos de explosão dos pais ou cuidadores que geram na criança memórias que podem marcar a forma como ela irá se relacionar na vida adulta, por isso é muito importante esse apoio a quem está responsável pelos cuidados, para que essa pessoa também possa ter seus momentos de descanso e autocuidado”, afirma Telma.
Estresse tóxico – “crianças expostas a rejeição ou inconsistência emocional podem experimentar o que é conhecido como estresse tóxico, que pode prejudicar o desenvolvimento de estruturas cerebrais importantes, como o córtex pré-frontal e a amígdala”.
Alterações na resposta ao estresse – “a exposição prolongada ao estresse pode alterar o sistema de resposta da criança, aumentando a produção de cortisol. Isso pode afetar adversamente o desenvolvimento cognitivo, emocional e social”.
Problemas de apego – “a rejeição ou inconsistência emocional pode levar a problemas de apego, afetando a habilidade da criança de formar e manter relações saudáveis no futuro. Isso está associado a mudanças na região do cérebro responsável pelo processamento de recompensas e motivação, influenciando a maneira como a criança busca e responde ao apoio emocional”.
Na educação Neuroconsciente é possível entender melhor o que acontece durante a infância no cérebro das crianças e o que está por trás do comportamento dos adultos quando o assunto é relacionamento entre pais e filhos. A especialista defende que nesses casos explorar estratégias que fortaleçam o vínculo mãe-filho e promovam o bem-estar emocional conjunto pode ser uma saída para diminuir episódios como o retratado por Fernanda.
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