Deputada mancha própria história de luta em defesa da mulher e publica pornografia nas redes sociais

Quem está do lado de lá de um vídeo íntimo, gravado sem consentimento, sabe a dor que sente, principalmente, mulheres, quando suas intimidades são expostas publicamente. Elas serão para sempre julgadas, por toda a sociedade, pela família, por quem as conhece, por quem sequer as conhece, principalmente, numa cidade pequena como Minaçu, Goiás, com menos de 29mil habitantes.

Mas a deputada Silvye Alves ignorou qualquer tipo de empatia.  Publicou um vídeo onde o prefeito de Minaçu, Carlos Alberto Lereia, supostamente aparece fazendo sexo com duas mulheres, para, no calor das eleições, deslegitimar a honra do prefeito. Quebra de decoro não há, embora muitos defendam o contrário, porque, simplesmente, não há dolo público. Não há respaldo ou interpretação parecida na história da jurisprudência brasileira.

Mas porque isso atinge diretamente a biografia de Silvye: Porque o tiro acerta alvos inocentes, quem nada tinha a ver com isso: Mulheres, crianças, adolescentes, pessoas comuns, famílias, qualquer tipo de seguidor que o algoritmo das redes alcança.

Parceiros e parceiras legítimos das pessoas envolvidas terão, claramente, que pagar um preço alto pelo resgate de suas reputações. Mas, mais gravemente, pessoas comuns, crianças, adolescentes estão consumindo pornografia, ou estão sendo estimuladas a consumi-las, por meio da rede social de uma deputada federal. Onde mora o limite?

Por meio de sua assessoria, a deputada disse, ao ser questionada sobre estimular o consumo de pornografia na sua própria rede, que: “As mulheres que aparecem vendem o corpo e isso jamais fará parte da minha biografia”. Disse ainda que defende a honra da família: “eu defendo a honra da família, não defendo um homem que trai a esposa em orgias… Não defendo a prostituição, muito menos o consumo dela”, embora a própria parlamentar tenha publicado para consumo público, um conteúdo adulto, e de estímulo direto à pornografia. “E expor um político repugnante é o mesmo que repudiar a quebra de decoro”, comparou.

Em maio desde ano, a parlamentar presidiu uma audiência pública na Câmara dos Deputados cujo um dos objetivos é condenar o compartilhamento de conteúdo adulto na rede aberta.

 

 

Danillo Neres

Jornalista, para  a Coluna Opinião do Portal NG.