Desistir de reeleição foi decisão difícil, diz Biden após saída da Casa Branca

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse em entrevista à BBC britânica que desistir de sua candidatura à reeleição foi uma decisão correta, mas difícil. O democrata, que deixou a disputa em julho do ano passado, a menos de quatro meses do pleito, também afirmou que se retirar antes não teria feito diferença no resultado das urnas, que deram a Donald Trump um segundo mandato.

 

“Saímos num momento em que tínhamos uma boa candidata [Kamala Harris], com a campanha totalmente financiada. O que tínhamos planejado fazer ninguém pensou que conseguiríamos. E tínhamos tido tanto sucesso na nossa agenda que era difícil dizer: ‘não, vou parar agora’. Foi uma decisão difícil”, disse Biden ao jornalista Nick Robinson, do programa Today da BBC Radio 4.

Em sua primeira entrevista concedida desde que deixou a Casa Branca, o democrata também disse estar preocupado com a ameaça do rompimento das relações entre EUA e Europa sob o governo Trump. Durante seu mandato (2021-2025), a Finlândia e a Suécia aderiram à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), fator que, para Biden, fortaleceu a aliança militar do Ocidente.

Agora, o ex-presidente diz temer o dissolvimento do grupo. “Acredito que mudaria a história moderna do mundo se isso acontecesse. Somos a única nação em posição de ter a capacidade de unir as pessoas, de liderar o mundo. Caso contrário, teremos a China e a antiga União Soviética, a Rússia, se destacando.”

Biden também comentou a publicação de partes de uma discussão entre funcionários do alto escalão do governo Trump. Para ele, a conversa mostrou que o vice-presidente J.D. Vance e o secretário de Defesa Pete Hegseth consideram a Europa um parasita geopolítico. “Estou preocupado que a Europa perca a confiança na certeza sobre a América e em nossa liderança no mundo não só em relação à Otan, mas a outras questões importantes.”

O futuro da democracia nos EUA, Biden diz, o preocupa menos que o recuo dela no mundo. Isso porque, na avaliação do democrata, Trump não se comporta como um presidente republicano, e o seu partido começa a perceber o risco que o atual mandatário representa.

Ele critica também o posicionamento de seu sucessor na Guerra da Ucrânia, e exemplifica citando a discussão entre Trump e Volodimir Zelenski no Salão Oval da Casa Branca, em fevereiro. Desde que retornou à Casa Branca, o atual presidente tenta convencer seu homólogo ucraniano de que Kiev deve ceder parte de seu território à Rússia para que o conflito termine, o que Biden discorda.

“Ele [o presidente russo Vladimir Putin] acredita ter direitos históricos sobre a Ucrânia. Ele não suporta o fato de que […] a União Soviética entrou em colapso, e qualquer um que pense que ele vai parar é simplesmente tolo.”

Durante seu mandato, o democrata foi criticado pela Ucrânia e seus aliados por ter dado apoio a Zelenski na resistência à invasão, mas não o suficiente para derrotar Moscou. Questionado por Robinson sobre isso, Biden afirma que seu governo estava pronto para reagir de forma mais agressiva se fosse necessário, e que sua prioridade era evitar uma Terceira Guerra Mundial.

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