Do município ao Congresso: O que acontece com o PSDB após a fusão entre tucanos e Podemos
A fusão entre os partidos PSDB e Podemos se consolidou nesta semana. Mas, o que acontece com a sigla a partir da homologação dessa incorporação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral)?
O PSDB aprovou na última quinta-feira, 5, a fusão com o Podemos durante a sua 17ª Convenção Nacional em Brasília. A proposta foi aprovada por ampla maioria dos tucanos, com 201 votos favoráveis, dois contrários e duas abstenções. A tendência é que o grupo de partidos permaneça com o mesmo nome e sob a liderança nacional do ex-governador Marconi Perillo (PSDB). A Convenção é a primeira etapa do processo de incorporação que pode levar ainda alguns meses até a sua homologação pelo TSE.
Da equação à decisão
Até chegar à decisão de fundir-se com o partido de Renata Abreu (Podemos), dirigentes do PSDB já vinham costurando internamente a unificação das duas siglas como forma de evitar caírem na chamada cláusula de barreira. Uma regra eleitoral que considera proporcional o número de membros em exercício no Congresso à definição do tempo de Rádio/TV nas eleições e a permanência, também proporcional, do fatiamento do Fundo Partidário — verba destinada à manutenção dos partidos e ao financiamento de candidaturas.
Ao Portal NG, a deputada federal Leda Borges (PSDB) afirmou que vê com naturalidade a fusão entre o PSDB e o Podemos. “É natural! A ideia é fortalecer as bases, seja nacional ou regional. E o PSDB, claro, é um partido que tem história, tem respeito e reconhecimento nos quatro cantos do País. Tem, de fato, um legado de contribuição com o Brasil”, disse.
O atual presidente estadual do PSDB em Goiás, deputado estadual Gustavo Sebba (PSDB) – que lidera o grupo oposicionista ao governo Caiado na Assembleia – afirmou que vai permanecer no partido após a fusão e, ao mesmo tempo, redobrar o trabalho de fortalecimento das bases da sigla, que com essa unificação, sairá mais forte já para as eleições de 2026, considera.
Adolfo Viana, deputado federal e líder do PSDB na Câmara, afirmou que durante esse processo de alinhamento conversou com todos os partidos de centro. “E esse processo de fusão com o Podemos tem feito vários deputados de outros partidos baterem na porta da liderança do PSDB para entender que movimento é esse que está nascendo”, argumentou.
Prefeito de Minaçu: “Partido deu um grande avanço”

Um dos entusiastas da fusão entre PSDB e Podemos é o prefeito de Minaçu, Carlos Alberto Leréia. Reeleito em Minaçu, com mais de 73% dos votos, coroou em 2024 uma das vitórias mais expressivas do Estado. “Com todas essas novas regras, de aliança de coligações, os partidos precisam se organizar. Sem uma chapa bem estruturada, um partido pode enfrentar dificuldade desde obter recursos a eleger seus deputados. Especialmente os deputados federais. O partido deu um grande avanço em se organizar agora através dessa decisão de fundir-se com outro partido”, ponderou. “Essa decisão reflete um pragmatismo necessário para tomar um rumo. Caso contrário, corremos o risco de ficarmos sem recursos e, consequentemente, sem participação”, disse.
Questionado se acredita que Marconi terá a chancela da maioria dos dirigentes para presidir nacionalmente a sigla, Leréia afirmou: “O ex-governador Marconi é quem está liderando essas negociações junto a outros dirigentes. E é um nome que está sendo considerado para uma possível candidatura ao governo, especialmente porque seu desempenho nas pesquisas é positivo”. “Ele entende que, para enfrentar os desafios políticos, será fundamental formar o maior número possível de alianças, começando pela nova composição do partido a ser formado. A união será essencial para o sucesso”, disse.
O que acontece com os Diretórios Municipais, Estaduais e Federal?
Os partidos que porventura possuam dois diretórios constituídos, em uma determinada cidade, por exemplo, deverão em uma só convenção dentro do prazo estabelecido elegerem seus dirigentes. A regra, de acordo com o TSE, abrange todas as outras esferas.
Em Minaçu, norte do Estado, quem comanda atualmente o Diretório Municipal do PSDB é Leley Miranda. Para ela, o momento é de renovação e fortalecimento da sigla, uma vez que a cidade carrega um legado histórico de ações e obras do PSDB, e “a fusão resultaria na ampliação da base de filiados, mais estrutura e mais engajamento partidário”.
Para Miranda, o legado do PSDB em Minaçu é histórico. “Em Minaçu, o PSDB, tanto agora, pelas mãos do prefeito Carlos Lereía, em 4 anos, quanto pelo ex-governador Marconi, em 16 anos, conseguiu imprimir uma lista de conquistas históricas. Todas as obras importantes para a cidade têm a digital do PSDB. Foi o partido que mais investiu em nossa cidade, que mais construiu obras: da ponte do Rubão, ao asfalto pra Brasília; da Rodoviária à, hoje, nossa Praça da Juventude. Então, um partido com essa história não pode simplesmente, por um regra eleitoral, deixar de ter voz no Congresso, nem de participar em condições de igualdade das eleições. Por isso, pelo bem de Minaçu, ele deve continuar fazendo o que sempre fez: trabalho, obra e história”.
O Podemos, de acordo com a base de dados do TSE, não possui diretório municipal ou comissão provisória vigente no município.
Novo discurso e posicionamento
Na 17ª convenção nacional do PSDB que aprovou a incorporação do partido ao Podemos, Marconi Perillo, presidente nacional da sigla, subiu o tom do discurso. “Vamos radicalizar no que realmente importa”, ao criticar a polarização, que o extremismo político no Brasil construiu nos últimos anos.
Mais tarde, postou em suas redes sociais: “Somos contra os extremos que não foram benéficos ao país nos últimos anos. E vamos radicalizar no que importa aos brasileiros e ao desenvolvimento social e econômico da nação”, disse.
Fusão: voz e voto nas decisões do Congresso
Hoje, o PSDB conta com apenas 13 deputados federais e 3 senadores. A junção com o Podemos, que tem 15 deputados e 4 senadores, formaria uma bancada de 28 deputados e 7 senadores, garantindo cerca de R$ 90 milhões em recursos do fundo partidário já para 2026. Desse modo, essa matemática daria ao partido a sétima maior bancada da Câmara, e a quinta maior no Senado. Além disso, traria ao partido musculatura, recurso e tempo de propaganda para ampliar suas bases nas outras eleições que virão.