Homens agridem dupla em mercado da rede Carrefour após suposto furto
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra agressões a duas pessoas negras na parte externa de um mercado do grupo Carrefour em Salvador após um suposto furto de sacos de leite em pó. As agressões aconteceram no Big Bom Preço na unidade do bairro de São Cristóvão na sexta-feira (5).
O vídeo divulgado nas redes sociais mostra uma mulher com a mochila aberta e alguns sacos de leite em pó. É possível ouvir “ai, ai” enquanto um homem questiona a mulher sobre o nome da mãe dela. Ela responde.
O homem pergunta por que ela está ali e a mulher responde, com a mochila aberta, “que estava precisando para a minha filha”. Depois, um homem dá tapas no rosto da mulher.
Em outro momento, o suspeito diz que não é ladrão. Os agressores dizem para o rapaz “tomar as dores dela (suspeita)” quanto ele diz o seu nome completo e é obrigado a dizer o nome da mãe dele, enquanto leva um tapa na cabeça.
A Polícia Civil da Bahia disse que irá iniciar “as apurações dos fatos” após ter tomado conhecimento do caso pelos vídeos. Não houve identificação de registro de ocorrência, até a manhã de sábado, na 12ª Delegacia Territorial de Itapuã. A Polícia Militar da Bahia disse não ter sido acionada.
Não se sabe a identidade dos agressores, nem das vítimas, assim como o que teria ocorrido após a gravação.
Carrefour
A rede de supermercados diz que fez um boletim online na 12ª Delegacia de Itapuã. A rede afirma ter registrado denúncia de agressão e lesão corporal e deixado à disposição das autoridades as imagens das câmeras de segurança.
Em nota, o grupo Carrefour diz que nenhum funcionário direto ou indireto da loja tem uma tatuagem na mão, que aparece em um dos agressores. “Mesmo assim, não podemos aceitar que um crime como esse tenha ocorrido em nossas dependências”, afirmaram.
A equipe de prevenção e liderança da loja foi demitida, e o contrato com a empresa responsável pela área de segurança externa foi rescindido, continua o grupo.
É inadmissível que qualquer pessoa seja tratada desta maneira. É um crime, com o qual não compactuamos. Estamos buscando contato com [nome dos agredidos] para nos desculparmos pessoalmente, além de oferecer suporte psicológico, médico ou qualquer outro apoio necessário.”
Nota do grupo Carrefour
Histórico de violência em mercados da rede
Não é a primeira vez que um estabelecimento parte do grupo Carrefour é acusado de casos de agressão ou atos racistas.
Mais recentemente, uma mulher tirou a roupa em um mercado em Curitiba após afirmar que um segurança a perseguiu dentro da loja. “Sou uma ameaça?”, escreveu no corpo.
Em 19 de novembro de 2020, João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi morto no estacionamento de um supermercado Carrefour em Porto Alegre na véspera do Dia da Consciência Negra. Ele foi sufocado e espancado por um segurança e um policial militar temporário.
Nota do Carrefour
Não se pode afirmar que foram os seguranças do Carrefour que cometeram o crime. Em posicionamento enviado à imprensa, o Carrefour afirma que “em um vídeo que mostra o fato, é possível identificar que o agressor tem uma tatuagem na mão. No avanço das nossas investigações internas, apuramos que nenhum profissional direto ou indireto que atua na unidade tem essa tatuagem”. Segue abaixo o posicionamento na íntegra:
Assim que tomamos conhecimento do caso lamentável, empenhamos de forma imediata todos os esforços para apurar o ocorrido e tomar todas as medidas cabíveis. A primeira delas e fundamental foi, de forma proativa, realizar uma denúncia de agressão e lesão corporal à Polícia Civil, para que esse crime inaceitável seja rigorosamente apurado. Esta denúncia foi registrada eletronicamente, com número de protocolo 2023/0000257096-0, e encaminhada à 12ª Delegacia Territorial – Itapuã. Esta medida reforça o nosso compromisso de sermos incansáveis no combate a qualquer tipo de violência.
Em um vídeo que mostra o fato, é possível identificar que o agressor tem uma tatuagem na mão. No avanço das nossas investigações internas, apuramos que nenhum profissional direto ou indireto que atua na unidade tem essa tatuagem. Mesmo assim, não podemos aceitar que um crime como esse tenha ocorrido em nossas dependências. Por isso, ontem mesmo desligamos a liderança e equipe de prevenção da loja. Reforçando nossa tolerância zero com a violência, inclusive nos cargos de gestão. Além de rescindir o contrato com a empresa responsável pela segurança da área externa, onde a violência ocorreu. Assumimos a nossa responsabilidade e tomamos medidas rápidas e duras.
É inadmissível que qualquer pessoa seja tratada desta maneira. É um crime, com o qual não compactuamos. Estamos buscando o contato da Jamille e do Jeremias para nos desculparmos pessoalmente, além oferecer suporte psicológico, médico ou qualquer outro apoio necessário.
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