Lula e Tarcísio exaltam diálogo em evento com vaia a governador e coro ‘sem anistia’
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SÃO PAULO E SANTOS, SP (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) exaltaram o diálogo firmado entre os dois durante o lançamento do edital para a construção do túnel Santos-Guarujá, nesta quinta-feira (27), uma parceria entre as duas gestões.
O evento em Santos também teve vaias a Tarcísio, coro de “sem anistia” e menções à tentativa de golpe para reverter o resultado das eleições de 2022.
Tarcísio foi ministro de Jair Bolsonaro (PL) e, com o aliado inelegível, é um dos cotados para disputar a Presidência em 2026 pelo campo da direita. Lula poderá disputar a reeleição no ano que vem.
O governador sentou-se na primeira fileira do evento, ao lado de Lula. Em duas ocasiões, a plateia cantou o coro “sem anistia”, em referência ao perdão discutido no Congresso aos manifestantes golpistas que invadiram e depredaram prédios públicos no 8 de janeiro. Tarcísio já defendeu a anistia publicamente.
Também houve reações, do ministro da Casa Civil Rui Costa (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), às revelações sobre a tentativa de golpe para reverter o resultado das eleições de 2022.
Nesta semana, Tarcísio classificou como “forçação de barra” e “revanchismo” a denúncia que implicou Bolsonaro no crime.
“Enquanto alguns maquinavam o assassinato de seus adversários, Lula promove o diálogo e estende as mãos em benefício do povo e do desenvolvimento do Brasil”, afirmou Alckmin, que, segundo a Polícia Federal, teve sua morte tramada por militares golpistas.
Em sua fala, Lula disse que a fotografia tirada nesta quinta-feira talvez marque um novo momento para o Brasil. E afirmou a Tarcísio que ele está “fazendo história” com as parcerias que estão construindo.
“Pode ficar certo que o povo compreende o que está acontecendo. Tem gente do lado do Tarcísio que não gosta de vê-lo do meu lado. Tem gente do meu lado que não gosta de me ver do teu lado. Temos que ter consciência que só temos um lado: atender bem o povo de São Paulo e do Brasil.”
O presidente disse ainda que aquele momento representava uma promessa de campanha: trazer o Brasil de volta à normalidade. “Não fomos eleitos para brigar, fomos eleitos para compartilhar nosso esforço e fazer com que o povo sinta prazer em ser governado por alguém preocupado com ele”, afirmou.
Tarcísio agradeceu a Lula por ter colocado o túnel como prioridade. Mencionou uma ocasião, em meio às conversas sobre o projeto, em que o presidente disse que não era hora de discussão política, porque precisavam atender o cidadão.
O governador afirmou que esse momento mostra que “é possível sentar na mesa e construir”. “As diferenças têm que ser deixadas de lado para que a gente chegue num consenso e possa atender a população”, disse.
Tarcísio foi vaiado duas vezes ao mencionar investimentos na região feitos pela Sabesp, privatizada em sua gestão. Na primeira delas, Lula levantou as mãos em um gesto de lamento.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), foi um dos que exaltaram o diálogo entre Lula e Tarcísio. Pressionado por bolsonaristas a pautar a anistia do 8 de janeiro, afirmou que buscará a convergência à frente da Casa.
“Nosso povo cansou de conflitos, não quer mais radicalismo, não aguenta mais viver numa tensão que só faz mal a nós mesmos”, disse.
“Enquanto presidente da Câmara fiz questão de estar pessoalmente aqui para dizer que à frente daquela Casa Legislativa vamos tentar replicar esse momento de convergência na pauta da Casa.”
A construção do túnel Santos-Guarujá chegou a gerar desconforto entre as gestões Lula e Tarcísio. Inicialmente, o governo federal pretendia construir o túnel por meio de obra pública, com verbas da União, do estado e da Autoridade Portuária de Santos.
Depois, porém, a Autoridade Portuária sinalizou que dispensaria a participação do governo estadual no projeto. A instituição é vinculada ao Ministério de Portos e Aeroportos, dirigido por Silvio Costa Filho (Republicanos), colega de partido de Tarcísio.
O governador ficou incomodado com a tentativa de escanteamento, argumentando a aliados que ele havia tocado o projeto enquanto ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro. Tarcísio foi então ao Planalto para conversar diretamente com Lula e selar um acordo de parceria para a construção do túnel.
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