Netanyahu chama tropas da ONU de reféns do Hezbollah
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, voltou a dizer neste domingo (13) que os soldados da missão de paz da ONU no Líbano devem se retirar das áreas de combate no país, invadido por Tel Aviv no último dia 30, acrescentando que a presença das tropas no local as torna reféns do Hezbollah.
Israel tem recebido fortes críticas da comunidade internacional por ataques realizados contra instalações da Unifil (Força Interina das Nações Unidas no Líbano) que já deixaram quatro capacetes azuis feridos. A missão de paz e países europeus afirmam se tratar de ataques deliberados.
Tel Aviv diz mirar alvos do Hezbollah –no domingo, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, acusou o grupo armado libanês de utilizar bases da Unifil “como fachada para suas atividades terroristas”, sem apresentar provas.
Em conversa com o ministro da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin,
Gallant disse que seu país vai continuar tomando medidas para proteger as tropas da ONU no Líbano. Washington é o principal aliado e fiador militar e diplomático de Israel na região, e segue apoiando o governo Netanyahu mesmo com a invasão do Líbano e a abertura de um novo front na guerra entre o Estado judeu e os grupos apoiados pelo Irã.
Ignorando a pressão internacional, Tel Aviv insiste que a Unifil deve se retirar das zonas de combate –os soldados da missão de paz estão lá com o objetivo de evitar que qualquer um dos dois lados do conflito atravesse a chamada Linha Azul, delimitada pela ONU entre Israel e o Líbano. A força das Nações Unidas se recusa a sair do local, dizendo que a bandeira da ONU “precisa continuar hasteada” na região.
Países que contribuem com militares para a Unifil, principalmente da Europa ocidental, fizeram coro às críticas contra Israel. A Itália falou em possíves crimes de guerra e disse que não obedecerá ordens de Tel Aviv, e a França convocou o embaixador israelense para dar explicações.
No sábado (12), 40 países que contribuem diretamente com a Unifil, incluindo o Brasil, emitiram uma nota condenando os ataques contra a missão de paz sem citar Israel. Assinaram o texto países como Alemanha, Reino Unido, China, Turquia, Itália, França e Espanha.
O Itamaraty também disse em nota na sexta-feira (11) que os ataques de Israel são inaceitáveis e violam o direito internacional, voltando a pedir por um cessar-fogo no Oriente Médio, e o papa Francisco pediu no domingo respeito aos capacetes azuis no Líbano.
Socorristas da Cruz Vermelha no Líbano também foram feridos por um bombardeio israelense no sul do país. De acordo com a organização, ambulâncias da Cruz Vermelha foram enviadas para resgatar sobreviventes de um ataque aéreo contra uma casa, mas o local foi bombardeado uma segunda vez enquanto trabalhavam, ferindo os profissionais de saúde e danificando as ambulâncias.
Os ataques aéreos de Israel contra posições do Hezbollah no Líbano se intensificaram no domingo. A imprensa do país diz que um bombardeio israelense destruiu por completo uma mesquita histórica na cidade de Kfar Tibnit, e o Hezbollah diz ter repelido uma tentativa de invasão por terra próximo do vilarejo de Ramia. Foi a primeira vez que a milícia apoiada pelo Irã reportou combates diretos em solo com tropas israelenses desde o início do conflito atual.
Tel Aviv, por sua vez, afirma realizar uma operação limitada no sul do Líbano, e diz ter entrado em “combate corpo a corpo” contra o Hezbollah. As Forças Armadas do país anunciaram ter matado dezenas de combatentes e destruído infraestrutura militar do grupo.
Israel tem repetido que seu objetivo na invasão do Líbano é garantir a volta dos residentes do norte de Israel, fora de casa há meses –a região é o principal alvo de foguetes do grupo armado Hezbollah vindos do outro lado da fronteira.
Até aqui, a invasão de Tel Aviv contra o Líbano já forçou mais de 1,2 milhão de libaneses a deixar seus lares e matou mais de 2.000 pessoas desde o 7 de outubro de 2023, de acordo com Beirute –nove pessoas morreram no sábado depois de bombardeios de Israel, e o país ordenou que civis se retirem de outros 21 povoados no domingo.
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