Noboa 2.0 no Equador terá Trump como aliado e pecha de autoritário
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EQUADOR (FOLHAPRESS) – Não houve tempo para que Daniel Noboa, 37, ficasse entediado. O presidente do Equador reeleito neste domingo (13) foi o responsável por declarar uma espécie de guerra contra grupos do narcotráfico, ou uma guerra contra o terrorismo, como prefere dizer.
Atos de violência quase teatrais, como a invasão de um canal de TV ao vivo por homens armados ou a fuga do maior narcotraficante do país de uma prisão de segurança máxima, e a resposta estatal ao militarizar as ruas deram o tom da gestão de sucintos mas intensos 17 meses.
Agora em sua versão 2.0, o presidente que tem dupla cidadania equatoriana e americana, já que nasceu em Miami (tem inglês fluente e foi educado nos EUA), e é herdeiro da família mais rica do país encontra um cenário global que se transformou rapidamente. Seu principal alicerce está ao norte, com Donald Trump.
Noboa foi um dos dois únicos presidentes da América Latina que participou da posse de Trump em janeiro; o outro foi Javier Milei (Argentina). Há poucas semanas, voltou a se reunir com o rei da guerra tarifária nos EUA. Pediu a Trump apoio militar no Equador.
Ele quer abrir o país a militares de outras nações, argumentando que o problema do narcotráfico é regional e que, portanto, a resposta deve ser conjunta. Chegou a mencionar o Brasil como uma das nações que poderia prestar apoio em segurança.
A rede americana CNN recém revelou que uma nova estrutura naval está sendo construída na cidade costeira de Manta e que seria ocupada pelos militares dos EUA. Não há confirmação.
Ainda é preciso entender quais frutos Daniel Noboa conseguirá tirar de sua proximidade com o governo Trump. Enquanto isso, uma outra face de seu governo já é certa. O presidente mais jovem da história do Equador (tinha 35 ao assumir o cargo em 2023) carrega para o seu segundo mandato a pecha de autoritário.
Dois episódios em especial levaram a isso. Primeiro, a invasão da embaixada do México em Quito para prender o asilado político Jorge Glas, ex-presidente, aliado de Luisa González (que disputou com Noboa a Presidência) e condenado por corrupção. A lei internacional prevê que sedes diplomáticas são invioláveis. Não para as regras de Noboa.
Segundo, a relação que manteve com a sua agora ex-vice, Verónica Abad. Noboa a apartou do cargo e impediu que ela assumisse a Presidência quando ele deveria se afastar para fazer campanha.
Há ações na Justiça eleitoral que questionam o fato de o presidente ter violado a lei ao não deixar o posto, flertando com violações como propaganda eleitoral antecipada e abuso de poder.
Noboa ordenou que a vice deixasse o país para cumprir a função de embaixadora em Israel e na Turquia. Ela afirmou reiteradas vezes, como o fez à reportagem, que havia um golpe de Estado em curso e que o país já não era democrático.
Há um mês, em um novo golpe para a política neoliberal, Abad teve os direitos políticos suspensos pelo Tribunal Eleitoral sob a acusação de que praticou violência política de gênero contra uma ministra a quem criticava. Ela não pode concorrer a cargos, nem votar, por pelo menos dois anos. A ex-vice afirma que ela sim é vítima de violência política de gênero, cometida por Noboa, que é perseguida política e que tudo não passa de uma manobra para colocá-la no ostracismo.
Enquanto Noboa, de novo no poder, quer ser como uma fênix, a ave mitológica que morria até ressurgir das próprias cinzas. A imagem dá nome a seu plano de segurança linha-dura e também estampa sua pele. Noboa tem quatro fênix tatuadas no braço. “Não importa o quanto na vida se caia, o importante é se levantar, seguir adiante. E foi o que fizemos”, escreveu ele no Instagram ao falar do desenho.
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