Operação israelita faz pelo menos 20 mortos em três dias na Cisjordânia
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Na Cisjordânia ocupada, um território palestino separado da Faixa de Gaza, o Exército israelita disse ter eliminado hoje três combatentes do Hamas em Jenin, incluindo o comandante do grupo islâmico na cidade, Wissam Khazem, e um quarto homem, de 82 anos, segundo a agência palestina Wafa.
O Ministério da Saúde palestino registrou 20 mortes desde quarta-feira, que incluem dois adolescentes de 13 e 17 anos, de acordo com o Crescente Vermelho.
O Hamas, no poder desde 2007 na Faixa de Gaza, e a Jihad Islâmica informaram que pelo menos 13 dos mortos eram combatentes dos seus braços armados.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, apelou na quinta-feira ao “fim imediato” da operação na Cisjordânia, “condenando veementemente a perda de vidas humanas, sobretudo de menores”.
O Exército israelita lançou esta operação, descrita como “antiterrorista”, enviando colunas de veículos blindados apoiados por aeronaves para Jenin, Tulkarem, Toubas e os seus campos de refugiados, redutos de grupos armados ativos contra a ocupação de Telaviv.
Os militares israelitas relataram também a detenção de 17 “suspeitos de atividades terroristas” e a apreensão de “grandes quantidades de armas”.
O gabinete de assuntos humanitários da ONU, OCHA, alertou para o risco de operações militares realizadas “perto dos hospitais” e para os “graves danos” infligidos às infraestruturas, à semelhança do que ocorre na Faixa de Faixa de Gaza.
Hoje, as forças israelitas operavam apenas em Jenin, após a retirada de Toubas e Tulkarem, disseram os habitantes locais à agência France Presse (AFP).
No campo de Nour Chams, em Tulkarem, os residentes fizeram um balanço dos danos em frente a edifícios destruídos e estradas intransitáveis: “Somos uma segunda Gaza”, lamentou Nayef Alaajmeh à AFP.
A diplomacia de Londres disse estar “profundamente preocupada com os métodos” de Israel, apelando para uma “desescalada urgente”.
Para a França, estas operações “agravam um clima (…) de violência sem precedentes”, e Espanha criticou “um surto de violência (…) claramente inaceitável”.
Na Faixa de Gaza, a organização não-governamental norte-americana Anera relatou hoje a morte, no dia anterior, num ataque israelita, de quatro habitantes do enclave que tinham “pedido para assumir o controle do veículo líder” de uma das suas caravanas humanitárias, sem que a sua presença tenha sido “previamente coordenada”.
O Exército israelita indicou ter realizado um “ataque preciso” depois de “atacantes armados terem assumido o controle do veículo”.
Os serviços de emergência do enclave registraram hoje novos ataques israelitas que fizeram pelo menos três mortos no leste de Khan Yunis (sul), e outros dois, incluindo uma criança, no campo de refugiados de Jabaliya (norte).
Antes do ataque à caravana da Anera, realizado segundo a ONG “sem aviso prévio” do Exército, o Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU anunciou na quarta-feira que iria suspender os seus movimentos no território sitiado, um dia após um dos seus veículos ter sido atingido a tiro por militares israelitas.
Entretanto, o Exército anunciou hoje que encerrou as suas operações terrestres nas regiões de Khan Yunis e Deir al-Balah (centro),
A guerra foi provocada por um ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, onde deixou cerca de 1.200 mortos e levou mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva militar em grande escala no enclave, que já provocou acima de 40 mil mortos, na maioria civis, de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas, e um desastre humanitário, além de ter desestabilizado todo o Médio Oriente.
As negociações entre Israel e o Hamas para um cessar-fogo têm sido inconclusivas, mas na quinta-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou pausas limitadas nos combates para permitir a vacinação contra a poliomielite a centenas de milhares de crianças, após confirmado o caso de um bebé infetado.
Nos últimos dias, Israel tem realizado uma operação militar também na Cisjordânia, cujo território ocupado tem sido marcado, desde o início do conflito na Faixa de Gaza, por episódios graves de violência entre militares e colonos israelitas e comunidades locais.
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