Pesquisadores identificam nova espécie de sapo na Amazônia
A nova espécie de anfíbio foi batizada de Neblinaphryne Imeri
Após quase dois anos, um grupo de estudiosos, liderados por pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB USP), identificou uma nova espécie de sapo. A descoberta é resultado de uma expedição para coleta de plantas e animais para pesquisa feita em novembro de 2022.
Na época, eles passaram 12 dias acampados no topo de uma montanha vizinha ao Pico do Imeri, que fica na fronteira do Amazonas com a Venezuela. O trabalho que descreve oficialmente a espécie foi publicado em setembro passado. A nova espécie de anfíbio foi batizada de Neblinaphryne Imeri.
Pesquisa
Para o estudo, foram coletados dez exemplares, entre machos e fêmeas, com tamanho entre 1,5 cm a 2,0 cm. Eles são predominantemente marrons, com pintinhas brancas e algumas manchas amarelas espalhadas pelo corpo.
Para localizar a nova espécie, os pesquisadores utilizaram uma técnica chamada playback. Ela consiste em gravar o canto original e tocá-lo para atrair o bicho ou pelo menos fazer com que ele se mova e assim sua localização seja revelada.
O desconhecimento do “canto do anfíbio”, inclusive, foi o pontapé inicial para identificação da nova espécie como relata o professor Miguel Trefaut Rodrigues, membro do Instituto Biociências, do departamento de Zoologia da USP.
“Quando a gente ouviu o canto, a gente não sabia exatamente o que era aquele bicho, era um canto desconhecido para nó. E quando a gente viu o bicho, a gente achou que não tinha exatamente ideia de que gênero, a que gênero ele pertencia né? Então nós começamos a fazer uma série de análises morfológicas, estudar a morfologia do bicho, uma série de análise genéticas; e foram as análises genéticas, obviamente, que acabaram nos dando a posição do bicho, como irmão de uma espécie que nós tínhamos descrito do Pico da Neblina”.
Novas espécies
O professor Miguel destaca como a continuidade das pesquisas é importante para construção de um novo estudo, como este que identificou o sapinho. Afinal, foi a identificação de uma outra espécie de sapo, ocorrida em uma expedição anterior, em 2017, realizada no Pico da Neblina – distante aproximadamente 80km do Pico do Imeri, que ajudou na identificação do novo espécime.
Para a surpresa dos pesquisadores, os dados indicaram que a parente mais próxima dos novos sapinhos era a Neblinaphryne mayeri, uma outra espécie que o mesmo grupo de cientistas havia descoberto. O pesquisador diz que a identificação de uma espécie serve como direcionamento inicial para vários outros estudos multidisciplinares.
“Nada impede que eles tenham alguma substância extremamente importante para nós e para o futuro, não é, para o futuro da humanidade. Isso é uma incógnita. Nós não sabemos. A gente faz pesquisa básica para isso, pelo menos a gente descreve o bicho e depois começa as outras investigações”.
Somente nesta expedição de 2022, a equipe trouxe para os laboratórios mais de 260 espécies de flora e fauna na bagagem. Os cientistas ainda têm outras quatro espécies novas de anfíbios e três de lagartos do Imeri para descrever, pelo menos.
*Com produção de Dayana Vitor