Quero que o Tarcísio ao menos me peça desculpas, diz mãe de estudante morto pela PM

  Marco Aurélio foi morto na madrugada de 20 de novembro ao levar um tiro de um PM na altura da barrig… [[{“value”:”

(FOLHAPRESS) – A casa da família do estudante de medicina Marco Aurélio Cárdenas Acosta, 22, na zona sul de São Paulo, é recheada de fotos dele. Logo na entrada há um banner com ele vestido de jaleco.

 

Um quadro dos três irmãos ao lado dos pais também adorna a sala. Todos eles são médicos.

Marco Aurélio foi morto na madrugada de 20 de novembro ao levar um tiro de um PM na altura da barriga dentro de um hotel na Vila Mariana. Antes, ele havia dado um tapa no retrovisor de uma viatura onde estavam dois policiais. Foi o que bastou para iniciar uma perseguição que resultou em sua morte.

A família de Acosta deu uma entrevista coletiva na casa na noite desta quarta (8), mesmo dia no qual o Ministério Público denunciou por homicídio doloso os dois policiais suspeitos de envolvimento no caso.

A Promotoria também concordou com o pedido de prisão feito pela Polícia Civil contra o soldado Guilherme Augusto Macedo, autor do tiro. Até o momento, a Justiça ainda não decidiu se aceita o pedido, e o policial segue em liberdade.
Visualmente emocionada, a mãe do estudante criticou durante a coletiva o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite pelo que considerou uma falta de controle da Polícia Militar.

“Eu quero justiça, eu quero desse miserável do Tarcísio ao menos um pedido de desculpas”, disse Silvia Mónica Cárdenas Prado, 55. Ela listou diversos casos de violência policial recentes, como um homem jogado no rio e a morte de uma criança durante uma operação em Santos, no litoral de São Paulo.

Silvia afirmou ter assistido 69 vezes ao vídeo em que o filho aparece na rua ao lado da viatura e já dentro do hotel onde foi baleado.

À Folha, a médica mostrou o celular onde mantinha conversas com o filho por mensagens.

Para Silvia, seu filho foi vítima de xenofobia e discriminação. O rapaz, filho de peruanos, tinha traços indígenas. “Meu filho era moreno e morreu no dia da Consciência Negra”.

“Meu filho desde que nasceu foi um lutador. Ele nasceu prematuro, com sete meses”, disse o pai do estudante e marido de Silvia, o também médico Julio César Acosta Navarro, 59.

O advogado da família Roberto Guastelli também esteve na reunião. Ele disse aguardar o recebimento da denúncia e decretação da prisão preventiva do soldado. Guastelli criticou a demora da PM para enviar as câmeras corporais, o que atrasou a investigação por parte da Polícia Civil.

Quem também acompanhou a coletiva foi o ex-ouvidor da polícia e militante de direitos humanos Cláudio Aparecido da Silva, o Claudinho.

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