Rússia usa 261 mísseis e drones em um dos maiores ataque à Ucrânia
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Rússia fez um de seus maiores ataques contra a Ucrânia desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, na madrugada desta sexta-feira (7). A ofensiva danificou infraestrutura energética e de gás no momento em que Kiev tenta manter o apoio do Ocidente após a chegada de Donald Trump à Casa Branca.
Segundo a Força Aérea da Ucrânia, a Rússia disparou uma salva de 67 mísseis e 194 drones, dos quais metade teria sido abatida, aproximadamente. Para a ação, Kiev disse ter usado aviões de combate, incluindo os caças franceses Mirage 2000 entregues à Ucrânia no mês passado e usados pela primeira vez para “repelir um ataque aéreo inimigo”.
O Ministério da Defesa da Rússia afirma ter atacado “infraestruturas de energia e gás” que abastecem o “complexo militar-industrial” ucraniano.
Autoridades regionais de diversas partes do país europeu, como Kharviv, no nordeste, a Ternopil, no oeste, relataram danos à infraestrutura energética e de outros setores. O ataque ainda deixou ao menos dez pessoas feridas, segundo as autoridades -oito em Kharkiv e duas, incluindo uma criança, em Poltava, no leste ucraniano.
“A Rússia continua seu terror energético”, disse o Ministro de Energia, German Galushchenko. “Mais uma vez, a infraestrutura energética e de gás em várias regiões da Ucrânia foi alvo de intenso fogo de mísseis e drones.”
Desde o começo do ano, Moscou tem se concentrado mais na infraestrutura de gás natural, que é usada para aquecimento doméstico e também por indústrias -anteriormente, os bombardeios contra o setor de energia já haviam sido responsáveis por derrubar cerca da metade da capacidade de geração de eletricidade do país, causando apagões.
“As instalações de produção que garantem a produção de gás foram danificadas. Felizmente, não houve vítimas”, disse a empresa de energia Naftogaz nesta sexta. Já DTEK, maior empresa de energia privada da Ucrânia, disse ter interrompido a produção de gás em suas instalações na região central de Poltava após sofrer danos significativos na ofensiva.
Moscou costuma mirar cidades e vilarejos ucranianos que estão longe da linha de frente, no leste do país. O ataque desta sexta, no entanto, foi o primeiro desse porte após a suspensão da ajuda militar e de inteligência dos Estados Unidos, nesta semana.
Desde então, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, tenta fortalecer o apoio ocidental ao seu país. “Os primeiros passos para estabelecer uma paz real devem ser forçar a única fonte desta guerra, a Rússia, a parar tais ataques”, disse o político no aplicativo de mensagens Telegram, em resposta ao ataque da noite.
A pausa na ajuda militar tem o potencial de minar as defesas aéreas da Ucrânia, que está ficando sem mísseis avançados enquanto luta para rastrear os ataques de forma eficaz, dizem analistas militares.
As relações da Ucrânia com os EUA, outrora seu aliado mais importante, entraram em crise desde o acalorado encontro entre Zelenski e Trump no Salão Oval da Casa Branca na sexta-feira passada (28). Após o bate-boca, o republicano afirmou que seu homólogo ucraniano –a quem ele já havia rotulado de ditador– poderia voltar quando estivesse “pronto para a paz”.
Em uma tentativa de reconciliação, Zelenski disse na terça (4) que a Ucrânia estava pronta para ir à mesa de negociações o mais rápido possível, chamando de “lamentável” o que aconteceu em Washington.
Em mais um sinal de reaproximação com os EUA, o ucraniano disse na noite de quinta (6) que viajaria para a Arábia Saudita na próxima segunda (10) para se reunir com o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman antes das conversas entre autoridades dos EUA e da Ucrânia no país.
O enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse que estava em discussões com a Ucrânia para um acordo de paz para encerrar a guerra de três anos e confirmou que uma reunião com os ucranianos estava planejada para a próxima semana na Arábia Saudita.
Ainda não está claro se Washington e Kiev podem conciliar suas diferentes visões para encerrar a guerra. Enquanto isso, no campo de batalha, a Ucrânia está em desvantagem e as forças russas estão avançando constantemente na região leste de Donetsk e exercendo grande pressão sobre as tropas ucranianas que tentam manter território na região de Kursk, na Rússia.
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