Sob pressão da ultradireita, premiê do Reino Unido anuncia medidas contra imigração

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pressionado pela ultradireita, o primeiro-ministro trabalhista do Reino Unido, Keir Starmer, anunciou medidas para conter a imigração, tema que a oposição tem explorado diante do aumento da entrada de estrangeiros no país.

 

Na segunda (12), o premiê apresentou um plano que, se aprovado no Parlamento, amplia requisitos de conhecimento da língua inglesa para migrantes, restringe concessão de vistos e impede empresas de fazer recrutamento de vagas no exterior, entre outras medidas.

Nesta quinta (15), em visita à Albânia, Starmer anunciou que começará negociações com outros países para estabelecer “centros de retorno” para solicitantes de asilo cujo processo tenha sido negado.

No caso das reformas apresentadas no início da semana, Starmer fala em um corte significativo da chamada migração líquida -o número de pessoas entrando no Reino Unido subtraído por aqueles que estão deixando o país- nos próximos quatro anos.

Starmer, então, afirmou que o país corre o risco de se tornar “uma ilha de estrangeiros” se não adotar regras mais rígidas de controle de fronteiras.

O direito automático de solicitar a cidadania será concedido apenas a alguém que tenha vivido na Grã-Bretanha por dez anos, não cinco, e os vistos de trabalhadores qualificados serão restritos a candidatos com nível de pós-graduação.

“Este plano significa que a migração diminuirá. É uma promessa”, disse o premiê na segunda a repórteres em Downing Street. “Se precisarmos tomar mais medidas, tomaremos.”

Starmer também rejeitou sugestões de líderes empresariais de que as regras de imigração mais rígidas prejudicariam a economia britânica, afirmando que o crescimento estagnou nos últimos anos, enquanto a imigração disparou.

Da Albânia, nesta quinta, o premiê tentou justificar a criação de “centros de retorno” fora de suas fronteiras para solicitantes de asilo cujo pedido tenha sido rejeitado. “O que estamos discutindo são centros de retorno” para migrantes, “para garantir que eles realmente sejam deportados”, declarou o líder trabalhista ao canal GB News, sem especificar com quais países essas negociações estão sendo realizadas.

A União Europeia tomou atitude similar para acelerar as expulsões de migrantes em situação irregular.

O primeiro-ministro trabalhista está sob pressão após a forte ascensão do Reform UK, partido de ultradireita liderado por Nigel Farage e conhecido por seu discurso anti-imigração.

A legenda está agora à frente nas intenções de voto em nível nacional, segundo as pesquisas, capitalizando as preocupações dos britânicos sobre a imigração em um contexto econômico difícil.

O anúncio de Starmer sobre os centros de retorno ocorre após a divulgação de que mais de 12 mil pessoas cruzaram o Canal da Mancha em pequenas embarcações neste ano – número que coloca 2025 no rumo de se tornar um ano recorde em travessias irregulares entre França e Inglaterra.

Starmer indicou que o estabelecimento de centros de retorno não seria uma “solução mágica” para acabar com as travessias, mas combinada com outras medidas contra as quadrilhas de contrabandistas, “permitiria pressionar esse comércio vil e garantir que detenhamos essas pessoas que atravessam o Canal da Mancha”.

A Itália opera programa similar com a Albânia, enviando solicitantes de asilo rejeitados para esse país enquanto aguardam sua deportação.

Nas eleições, o Partido Trabalhista prometeu reduzir a migração líquida, que atingiu um pico de 906 mil pessoas em 2023, depois de ter tido média de 200 mil durante a maior parte da década de 2010.

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