Zelenski demite governador por cerimônia militar em dia de ataque

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, demitiu nesta terça (15) o governador da região de Sumi. No domingo (13), Volodimir Artiukh havia organizado uma cerimônia militar na capital homônima da província no mesmo momento em que russos alvejaram a cidade com mísseis balísticos.

 

Ao menos 35 pessoas morreram, e 117 ficaram feridas. O Kremlin disse que mirava “uma concentração de militares”, o que foi descartado como propaganda enganosa por Kiev e pelo Ocidente. Ao que tudo indica, contudo, desta vez Moscou falava a verdade.

Não existe, contudo, certeza de quantos civis e quantos fardados pereceram no ataque. As imagens disponíveis no domingo eram claras acerca de um trólebus atingido por um míssil Iskander-M, contudo, e houve crianças mortas e feridas. Velórios e enterros ocorrem desde então.

Zelenski não comentou o motivo da demissão de Aritukh, que ocorreu simultaneamente à dispensa do governador da vizinha Lugansk, Artem Liosohor. Mas desde a segunda (14) a situação do chefe de Sumi era insustentável: ele foi denunciado por prefeitos da região pela falta de cuidado e publicidade do evento de entrega de medalhas ao ar livre.

“Artiukh ajudou a Rússia a justificar o ataque terrorista”, disse nas redes sociais o prefeito Artem Semenikhin, de Konotop. O vídeo com sua fala viralizou no país em conflito, e ajudou a explicitar como os dois lados usam os ataques para amplificar sua mensagem.

Sumi e a vizinha Kharkiv estão sob uma renovada ofensiva russa desde a semana passada. É uma frente nova, ao norte e nordeste da Ucrânia, pontos que já foram objeto de invasão no começo da guerra, em 2022.

Nesta terça, Kiev disse ter atingido a base que sedia o regimento que disparou os mísseis, no sul da Rússia. O Ministério da Defesa em Moscou não confirmou a informação, dizendo apenas que houve uma grande onda de ataque de drones ucranianos contra o país, com 115 aparelhos derrubados, deixando ao menos uma pessoa morta.

O ataque de Sumi foi transformado em peça da retórica de Zelenski acerca da necessidade de mais defesas antiaéreas, embora mísseis balísticos sejam bem mais difíceis de abater. Nos últimos dias, Kiev admitiu também ter perdido mais um caça F-16 americano, doado por europeus.

O G7, grupo das economias mais desenvolvidas com viés ocidental, chegou a preparar uma nota condenando a Rússia, mas ela foi vetada pelos Estados Unidos. O governo de Donald Trump tem se alinhado com o Kremlin no conflito, na busca de um cessar-fogo.

O enviado especial do presidente para a guerra, Steve Witkoff, disse na noite de segunda à Fox News que discutiu a cessão territorial e outros pontos desejados por Vladimir Putin na Ucrânia durante sua reunião com o líder russo na sexta (11).

O debate tem dividido americanos e europeus. O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, afirmou nesta terça que a aliança militar ocidental tem obrigação de continuar apoiando Kiev -faltou dizer o “mesmo sem os EUA”, o que não interessa politicamente agora.

O fato é que toda a ajuda militar que ainda vem de Washington para os ucranianos são restos a pagar das liberações feitas no fim do mandato de Joe Biden, em janeiro. Trump não fez nenhuma autorização nova desde que assumiu, e os americanos são de longe os maiores doadores de Kiev.

O presidente americano tem pressionado Zelenski a aceitar um acordo de exploração mineral que, na prática, faria Kiev pagar pela ajuda que recebeu até aqui. O ucraniano tem resistido, mas nesta terça disse que “as conversas estão indo bem”, talvez já cedendo.

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