Câmara nega que tenha recebido documentos de Leréia sobre irregularidades

A Câmara de Vereadores de Minaçu se pronunciou sobre matéria veiculada pelo Portal O Norte de Goiás, nesta terça-feira, 09, sobre as denúncias apresentadas pelo prefeito Carlos Leréia em entrevista à Rádio Serra da Mesa.

Leréia, na entrevista, havia dito que teria “apresentado” aos vereadores às denúncias. Porém a Câmara esclarece que, apesar de ter havido uma reunião, não houve “apresentação formal de tais documentos”, “na forma escrita”.

Em entrevista à rádio Serra da Mesa nesta terça-feira, 09, o prefeito de Minaçu, Carlos Leréia (PSDB), fez um panorama do estado caótico das finanças do município. No programa do radialista Geraldo Silva, Leréia afirmou que a dívida da Prefeitura alcança à casa dos R$100 milhões (cem milhões de reais), de acordo com levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Finanças.

As dívidas com o INSS e com a previdência municipal, iniciou Leréia, “são dívidas gigantes e que vêm de muitos anos”. Para o Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Minaçu, por exemplo, o montante chega a R$25.913.913,51 e com INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, R$45.848.916,51. “São dívidas que eu não posso imputar a outro administrador. Agora, as dívidas que se iniciaram em 2017, essas são graves”, continuou.

Sem caixa

No rádio, Leréia afirmou que o ex-prefeito, Zilmar Filho (PSC), ao contrário do que vinha dizendo, não deixou dinheiro em caixa. De acordo com o prefeito eleito, Zilmar havia deixado R$254mil, mas que esse recurso já estava comprometido para o repasse dos consignados aos bancos.

Farra dos combustíveis

No mês de outubro de 2020, de acordo com Leréia, a gestão do ex-prefeito gastou R$251.746,00 com combustível. Já no mês de novembro, R$342.395,00. E, no mês de dezembro, a Prefeitura gastou R$280.133,00. “A prefeitura não abasteceu os caminhões de lixo, não abasteceu o transporte escolar, porque não tem aluno, não abasteceu os ônibus que vão para Goiânia. Eu passei isso aos vereadores, que deverão acionar o Ministério Público”.

Em contraponto, em maio do mesmo ano, a Prefeitura gastou R$33 mil com petróleo, em junho R$42mil, já “no mês da eleição (novembro de 2020) a prefeitura subiu o gasto para R$342.395,00”. “Dívida que o ex-prefeito não pagou, deixou lá para a Prefeitura pagar. Todas as máquinas estão quebradas, só tem uma pá carregadeira,” disse. “Gastaram R$80 mil só com peças para uma máquina em dezembro”

São indícios graves de desvios

De acordo com Léreia, são indícios graves de desvio de dinheiro público. “Gasto [suspeito] até com carne”, em excesso. “Para merenda não foi”, questionou. Leréia afirmou que reuniu todas as notas fiscais suspeitas e criou uma espécie de dossiê que já foi apresentado (de forma informal) aos vereadores e será por ele mesmo entregue ao Ministério Público

Conta de Luz

A dívida acumulada da prefeitura com a conta de energia elétrica também é alvo da denúncia. De acordo com Leréia, são exatos R$13.931,841,00 em dívidas com a ENEL entre 2017 e 2020, período de administração dos ex-prefeitos Nick Barbosa (DEM) e Zilmar Filho. De acordo com Leréia o prédio da Secretaria de Educação e uma escola que, mesmo fechada, gastou R$7 mil com energia elétrica, também serão enviadas na mesma denúncia ao MP.

Restos a pagar

Entre restos a pagar a fornecedores, de Nick e Zilmar, são mais de R$15 milhões, de acordo com Leréia. Uma dívida gerada pelo prefeito Zilmar, tem como alvo, a aquisição de um lote que garantiu uma extensão do cemitério. “Comprou o lote, e a casa, e não pagou [ao proprietário]”. “Há também um aluguel de máquina que foi alugada por R$700mil”, denuncia. “Teve máquina que trabalhou durante um mês e abasteceu durante 12 meses”, complementou.

Gestão pede apoio

Leréia afirmou que não há outro modo de governar diante do cenário caótico das contas senão com o apoio da população e da Câmara. “Eu vou deixar esses documentos públicos, nos grupos, para que todos saibam. “A Câmara e o Ministério Público terão meses de trabalho de investigação”, afirmou.

OS e Hospital Municipal

Leréia também criticou os entraves burocráticos que estão impedindo a prefeitura de retomar o comando do Hospital. “O atendimento é péssimo, o tomógrafo está estragado há quatro meses. E não me deixam tocar o Hospital, dizendo que nós não temos um plano. Lá tem 77 funcionários são da prefeitura, 3 deles concursados. A prefeitura tocou por quase 30 anos o Hospital”, questiona.

Fechamento da praia

O prefeito também comentou sobre o fechamento da Praia do Sol. “A praia vai ficar fechada quase por 1 ano”, disse ele ao afirmar que, além dos aspectos da pandemia, há a construção da Praça da Juventude, um complexo esportivo que será construído na praia, com recursos de emenda parlamentar, dele, enquanto deputado federal. “Eles colocaram o projeto que antes era no terreno da Câmara e colocou na praia. Hoje eu não posso mudar.” “Primeiro o Maurides, aquele grande engenheiro, ele licitou uma obra maior do que o terreno. Por isso não deram conta de fazer”. “Minaçu, de 2012 pra cá foi um desastre. Vou fazer economia e vou consertar Minaçu”.

Confira a entrevista na íntegra: